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domingo, 8 de agosto de 2010

Onde a vida pública era privada


O que tinha valor para o romano antigo sem dúvida alguma era a posse dos cargos públicos, ao qual se revestiam de uma áurea de honras e nobreza. Havia na natureza do romano antigo uma espécie de autoridade, um orgulho do seu império, contudo, essa ideia de que temos de serviço público dentro de um estado moderno, deve ser interpretado de outra forma, pois não havia uma distinção do que era público e do que era privado, dignidade privada, finanças públicas e bolsa pessoal, se misturavam e não era necessário desassociá-las, então esse conceito lhes era desconhecido. Os cargos públicos eram honrosos porque eram perpétuos na memoria de seu povo e além de ser um meio de se apropriar das riquezas do Estado e usa-las para seu proveito próprio. O que se viabiliza pelo controle politico e financeiro por uma pequena elite senatorial, que controlava tudo, e lhes impunham regra  para se ingressar nas honras do Estado (cargos públicos). Convém notar que não bastava ser rico e possuir grandes propriedades para o ingresso na vida politica romana, a cooptação, uma espécie de clube senatorial de influencias, decidia quem poderia ingressar ou não, mas como foi bem explicitado pelo autor, não era somente o senado que julgava o ingresso de um novo membro, mas tudo girava numa teia de interesses e influencias, ou seja, um clientelismo baseado numa fidelidade nas relações entre cliente e patrono ao qual iremos nos adentrar mais adiante no decorrer do texto.
Deixando de lado o conceito moderno de Estado e de prestação de serviço público, devemos observar que era comum para o romano antigo se apropriar dos bens públicos e usá-los para seus próprios interesses, ao qual o autor nos diz que não somente existe a dominação estatal, mas também por outros meios como a máfia e o mercado negro, ao qual como o império romano explora seus vassalos e protegidos. Fazendo uma comparação entre esses meios de dominação ao qual se encaixa nos moldes romano antigo, ao qual poderemos enquadrar as qualificações que se encaixam perfeitamente nessas formas de subjugação moderna. O nobre romano usava seu poder para extorquir e enriquecer mais ainda com a contribuição dos cargos públicos numa espécie de apadrinhamento protegia seus clientes. Isso se observa no exercito quando os oficiais superiores extorquiam seus comandados e esses extorquia a população através de bandidismo. Esse sistema opressor funcionava dessa forma, os patronos exploravam seus clientes e estes a população. Toda função pública é falcatruada, pois até as mais simples funções públicas eram granjeadas pelo poder aquisitivo de seu comprador. É notório que quem entrasse no serviço publico tinha a obrigação legal de deixar um legado para quem o constituiu, correndo o risco de confiscarem seus bens ao tesouro nacional.
Em Roma tudo valia dinheiro, ao ponto de que toda tarefa mesmo que seja a mais simples, era cobrada uma propina pelo serviço prestado, e isso foi além com tabelamento das propinas e acordo com a função atribuída. Propina e extorsões eram bastante comuns no desenrolar das relações sociais no mundo romano, não havia uma preocupação de ser corrupto, pois se apropriar dos bens públicos era natural e para o romano antigo ser honesto era enriquecer através do serviço público, pois não havia essa ideia moderna de servir ao Estado, mas do Estado se servir para enriquecer. Pensando dessa forma podemos fazer aqui uma pequena analogia do serviço público como uma relação capitalista comercial entre patrões e empregados dentro de uma empresa lucrativa, em que se oferece um produto aos clientes pensando somente nos lucros. Nesse sistema administrativo corrupto as funções dos serviços públicos criavam degraus que faziam alguns cargos serem mais importantes que outros modificando o grau de riqueza dentro da elite, uma espécie de subclasse. Devemos tomar um pouco de cuidado ao interpretarmos a palavra dignidade e fazermos a distinção entre o conceito etimológico da palavra e o que ela significava no mundo romano, pois, para os romanos dignidade significava adquirir e aumenta suas poses e riquezas, se apropriando de todos os meios necessários inclusive do Estado. O romano antigo sem dúvida era um granjeador de riquezas por natureza e um hábil negociante. Veremos isso nas relações de clientelismo, ao qual o autor nos mostra que existem duas espécies de clientela, a do cliente que precisa de um patrono, para suas ambições e segurança, que poderá coloca-lo num cargo público, e a do patrono que precisa correr atrás do cliente, para sua honra e seus negócios, uma garantia de recursos financeiros através do sistema de propina e extorsões. A função da nobreza nos cargos públicos não tinha nada de extraordinário ou sofisticado, era mais orgulho e ambição que movia o romano antigo que mesmo o interesse pela função, pois para eles não ficar entres os primeiros era tão ruim ao ponto de possuir riquezas não significar muita coisa para ele. Ser digno custa caro e era preciso fazer a função render lucros e somente era possível pela propina e extorsão. Era comum usar sua própria riqueza para promover eventos públicos ao ingressar no serviço público, mas é claro que essa quantia seria reposta pelo sistema opressor com juros. Esses eventos eram mais autopromoções do que festa propriamente dita, conhecido como evergetismo, à cidade romana era dividida entre os notáveis e a plebe que era explorava os notáveis. O governante tinha obrigação ao entrar nessa função de promover festas públicas para alegrar o povo, construir edificações e em algumas situações cidades. O civismo mobiliário servia de ostentação pessoal e era usado para tal função, nas bodas de sua filha, ou até mesmo nos banquetes funerários por ocasião da morte do pai. Era um sistema de luxo e ostentação presente na elite romana. Ostentação e ganhar dinheiro eram objetivo de todo romano.
ELSON CASSIANO SOBRINHO

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