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terça-feira, 26 de outubro de 2010

O pré-conceito historiográfico a cerca da idade média



Quando se fala em idade média logo se vem à mente a própria ideias de atraso e fracasso, esse pré-conceito de idade das trevas, adveio do século XVI, da mente dos iluministas, pois viam esse período em comparação com da idade clássica e consideraram um retrocesso na história humana, e essa visão foi transmitida e ensinada de geração para geração até meados do século XX com o advento da escola dos annales francesa, grandes medievalistas surgiram como Marc Bloch, Fernand Braudel, eles e outros nomes revolucionaram o conhecimento que tínhamos sobre esse longo período de tempo. Os annales não trouxeram somente mais uma visão desse período, mas trouxe sujeitos sociais diversos, que a historiografia metódica esqueceu, de nos mostrar, a realidade social da maioria de sua população e o cotidiano relatado brilhantemente pela historia das mentalidades, seu mundo e sua realidade social, e seu contexto cultural na formação do mundo moderno e contemporâneo. A própria terminologia da idade média não existia até o século XVI, para ser correto, tal preconceito, pois o termo expressava um desprezo indisfarçado pelos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. O historiador Hilário Junior em sua introdução ao seu livro à idade média, nos mostra como essa rotulação e se formos folhear nossos dicionários iremos nos deparar com esses conceitos vivos, mesmo depois de esclarecidos e equivocados, mostrado pelos especialistas desse tempo, mas a questão está muito além de usarmos tais termos preconceituosos, está na maneira que nos postamos como professores ante as questões e problematizações que deixamos de fazer com nossos alunos, pois, ainda temos essa dificuldade de transposição-didática e de envolvermos esse aluno no limiar da problematização formando nele um senso critico de sua realidade e de seu passado. Não podemos mais encarar esse período como vilão ou com os mesmos e velhos chavões já prontos. Com mencionado acima houve avanços historiográficos tremendos em direção à desmitificação medieval e de tirarmos essas rotulações como não houvesse ocorrido qualquer desenvolvimento e avanços nesse período. O professor se depara com essa situação ao sair da academia, cheio de informações e conceitos novos acerca de diversos temas, que ele quer aplicar em seus alunos em sala de aula, e nesse momento, se depara com sua própria realidade de educador e formador de opinião para seus alunos, muitas vezes apenas reproduzimos o que a classe dominante quer que vejamos, Pierre Bourdieu nos diz que reproduzimos aquilo que a sociedade quer que aprendamos, não existe uma crítica bem formulada para se antepor á tais afirmações que se passa através dos tempos e se segue sendo disseminada em livros didáticos, dicionários e nos meios de comunicação de massas. É notório se observar essa ausência de problematização pelo professor e a importância que se dar ao sei passado como formador de consciência, hoje em dia onde se navega na internet e as informações já vêm prontas não é mais necessário pesquisar e pensar por si só, tudo já está na nossa frente apenas com um clique e com extrema rapidez das enciclopédias digitais, o historiador inglês Eric Hobsbawm em sua introdução à era dos extremos lança um importante aviso as nossas próximas gerações, acerca do desprezo pelas suas origens e uma crítica a essa espécie de presente continuo, sem atração e raízes. As informações chegam de toda parte com total rapidez e alcance de quase todos os lugares do mundo. Vale nos lembrar, que informação não é aprendizado! E é nesse sentido que Hobsbawm nos alertou sobre vivermos para sempre nesse presente e que não precisamos do nosso passado. Mas voltando ao assunto idade média, esse fascínio pela antiguidade clássica, por parte dos iluministas fez brotar essas formulações preconceituosas, como se nada de bom tivesse ocorrido nesse hiato de tempo entre o clássico e contemporâneo, criticavam a arte gótica, pois, fugia dos padrões clássicos, essa ideia de interrupção do progresso humano se disseminou em todos os lugares do mundo, até mesmo em nossa contemporaneidade. Para o século XVII os séculos medievais também eram vistos como de barbárie, ignorância e superstição. O século XVIII, antiaristocrático e anticlerical, acentuaram o menosprezo à Idade Média, vista como momento áureo da nobreza e do Clero. Podemos observar com os avanços da nova historiografia proporcionada pelos Annales, uma maior compreensão desse mundo e do pré-conceito que vem sofrendo esse período, mas além dessas características feudais, havia produção de conhecimento, arte, cultura, com a criação das primeiras universidades, polos de conhecimentos, conservação dos manuscritos clássicos, formação de uma corrente filosófica patrística e uma religião centralizada que deu suporte aos centralismos e unidade dos posteriores Estados nacionais. Dizer arbitrariamente que esse período foi marcado somente por trevas é perder a magnitude desse hiato de tempo entre a era clássica e a moderna. Cabe ao professor de história saber usar essas novas fontes e dinamizar seu ensino, mostrando as verdades e incentivando na formação de um espirito crítico e moderado, acerca do passado e das origens medievais e suas marcas tão importantes na formação das unidades nacionais da modernidade. Quando entrei em contato com a história das mentalidades, logo me apaixonei, queria entender como aquelas pessoas simples viviam, naquele mundo fechado dentro dos feudos, como eles agiam, pensavam e se relacionavam? O historiador italiano Carlo Ginzburg nos trouxe o moleiro Menoquio, excluído da história tradicional e rico em detalhes e sabedoria daquela época, com a história agora voltada por entender a mente das pessoas e suas relações sociais, mudou-se o polo de antes uma historia voltada para os acontecimentos políticos e dos feitos heroicos, para entender e trazer a tona o mundo dos excluídos e a visão debaixo ampliou o entendimento sobre os vários ângulos, melhorando assim a própria maneira de se fazer história e compreendê-la e correlacioná-la com o presente, sem correr o risco de perder a erudição e cair em anacronismos. É um desafio para o professor moderno, problematizar essas temáticas e ensinar a história de maneira coerente e ao mesmo tempo inovando a maneira de ensinar, usando os meios audiovisuais, e os meios de comunicação de massas, como a informática e o cinema, que vem produzindo bons documentários e filmes que poderão ser usados como auxilio nas aulas de história, principalmente em relação à idade média, que se disponibiliza bastante material cinematográfico. A idade média nos fascina graças aos trabalhos de erudição e divulgação de bons medievalistas, principalmente da os da nova história que veio revolucionar a maneira de se produzir história que abrangeu e alcançou todos os centros acadêmicos do mundo e ajudou á fazer da história uma disciplina independente e multidisciplinar, como é hoje, com o alargamento, ampliação de seu campo de atuação principalmente após a abertura e desenvolvimento das ciências sociais, seu objeto histórico se diversificou dando novas possibilidades de um conhecimento amplo e erudito da história como um todo.
ELSON CASSIANO

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