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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

REPENSANDO A IDADE MÉDIA NO ENSINO DE HISTÓRIA




Pág. 109- A historiadora Régine Pernoud, nos leva para uma visão que muitas vezes passa despercebida acerca da banalização da imagem da idade média em nossos dias, essa imagem distorcida vem sendo minada em nossas mentes desde os tempos dos iluministas, essa ideia de atraso total e de um período onde somente existiam duas classes os senhores e os servos, onde a imagem do servo sempre era associada de maneira preconceituosa, á doenças e aos maus trapos. A historiadora francesa tenta desfazer essa imagem de densas trevas em seu livro “o mito da idade média”.
Pág.110- “Mil anos de Trevas?” Hoje com todos os avanços que a historiografia medieval vem obtendo com renomados especialistas como Marc Bloch, Fernand Braudel e outros mentores da escola dos annales francesa, se sabe que esse conceito de “idade das trevas”, que muito referencia esse período nos livros didáticos de varias gerações até os dias atuais, essa expressão de idade das trevas foi bem formulada pelos iluministas, que era contrario ao teocentrismo exercido pela igreja, e a favor de uma racionalização e de um liberalismo, avanço da ciência e do progresso que ficou conhecido como iluminismo ou humanismo.
Essa imagem de atraso e trevas não tem sido fácil de apagar, mesmo com pesquisas especializadas e autores, que vem demonstrando avanços na economia, cultura, filosofia e literatura, como também nas artes, hoje com esses estudos deixamos pela erudição esses conceitos de trevas e de total atraso. Também podemos observar que existe uma maior abertura tanto no cinema como no universo dos vídeos games e da informática, tem havido uma superação dessa imagem negativa que adveio do iluminismo.
Pág.110, 111, 112- o autor começa com uma pergunta que considero primordial ao embate desse texto, qual idade média vem sendo divulgada nos bancos escolares e qual a repercussão desse ensino no Brasil uma pais que não participou diretamente do período medieval? Essa pergunta nos emana para dentro de uma reflexão ainda maior, como os PCNs trata a questão no Brasil? Segundo o autor entre os séculos V e XV, da historia europeia existe pouco espaço reservado para essa cronologia. O autor não estranha a exclusão da maior parte do período e a inclusão do período todo em contextos variados subordinados aos pressupostos pedagógicos. Ele critica essa postura, pois, se perde a noção desse período histórico principalmente no ensino fundamental. Observa-se nos PCNs em relação à composição dos livros didáticos do ensino fundamental e médio, que a linha que norteia sua cronologia em relação à idade média está intrinsicamente ligada a formação dos reinos, impérios e governo da igreja, como também configuração do grupos sociais de dominação e dominados, senhores e servos, na decadência do feudalismo e na ascensão do capitalismo. Sobre as formas de governo do período medieval nos apresenta sempre em relação aos conflitos diplomáticos e as ações politicas da historia, faltando o contexto social e econômico que o autor chama de certo maniqueísmo, posicionando diferentemente dos eruditos em medieval, onde feudalismo, a sociedade feudal e o próprio sistema feudal não passam de conceitos de analise que acaba dando uma logica ao desenvolvimento histórico amplo da Europa, como se houvesse somente um feudalismo e que segundo o autor o ingresso na era moderna dependia da superação de chamado atraso feudal. É um contraste grande entre á historia medieval ensina nas escolas e a apresentada pelos eruditos e pesquisadores.
Pág. 113, 114- “Uma história vista de cima, e do centro” a ideia da Europa ser o centro do mundo já era bastante aceita nesse período, como também a ideia de civilização e ocidentalização do mundo. Conforme o autor, a idade média para os europeus corresponde á gênesis do que a Europa viria a ser, tanto culturalmente como politicamente, importando o modelo cristão para o restante do mundo. O autor prossegue em sua analise sobre o conceito de idade media, agora na França, que se segue afirmando que na França nunca houve uma idade media, ao qual o conceito foi desenvolvido pelos eruditos dos séculos XVI e XVIII, e difundido nos manuais didáticos e programas escolares, baseada na teoria de poderes centrais unitários e fortes, ao qual se fazendo a analise desse ponto se fortalece e se valoriza o modelo contemporâneo, o republicano, que se entrelaça a sua capacidade de trazer paz e segurança social aos cidadãos. Essa sim é uma historia vista de cima e do centro do poder politico e da classe dominante.
Pág. 14,115- PARA UMA DESCOLONIZAÇÃO DO ENSINO DA IDADE MÉDIA. Segundo Marc Ferro há vários vínculos profundos deixados pelos colonizadores entre a história que foi ensinada nas escolas e a formação ou deformação da consciência social e politica nas colônias, onde ele destaca a colonização francesa da África negra até o século XX, onde se percebe o contraste, pois, entre brancos e negros no acesso a essa educação e a história ensinada a eles, a formação da nação Francesa que a idade média cumpria bem o papel de criar uma consciência Europeia e a França colonizadora como promotora do progresso e da civilização. O autor analisa como seria o efeito de uma historia centralizada na Europa e a ensinada nos territórios não europeus e ao mesmo tempo traz a questão de como é ensina a historia medieval no Brasil. Para ele descolonizar o ensino de historia significa, portanto reconhecer as identidades em geral deixadas por nós em segundo plano. Temos que repensar de como estamos continuando ou transferindo esse conhecimento medieval aos nossos alunos, pois a Europa não engloba somente a parte ocidental, mas também a parte oriental que até mesmo não viveu um feudalismo como no ocidente, fazendo essa reflexão o autor nos diz que nossa visão se amplia e novos horizontes se permeiam. Ele nos mostra como exemplo a formação dos países ibéricos.
Pág. 117-122 - A IMAGEM E A PALAVRA NO ENSINO DA IDADE MÉDIA.
Quando se fala em idade média logo se associa ao poder dos atos políticos e suas influencias na formação do conhecimento histórico desse período, que nos leva segundo o autor a refletir sobre esse legado cultural da idade média. Esse legado se observado do ponto de vista politico, social e econômico se amplia quando trazemos a tona a historia das mentalidades como fez Carlo Ginzburg ao nos apresentar o queijo e os vermes, os comportamentos e atitudes mentais e coletivas devem ser apreciada para não se perder o contexto, e o autor nos dar vários aparatos para nos apropriarmos desses contextos e passarmos para nosso alunos, segundo ele as motivações afetivas, o amor e a amizade tem sua historicidade e é um campo muitíssimo interessante pouco explorado, a ideia de honra e fidelidade que temos hoje foi oriunda desse tempo medieval. O autor elogia os meios de comunicação eletrônicos como a internet, pois nesses últimos tempos vem dinamizando e disponibilizando texto de qualidade sobre a idade média, que muito contribuem para desmistificar esse período tão importante da historia da humanidade e da formação do mundo ocidental.
Ou autor ressalta que esse contato com o mundo medieval em sala de aula deve ser repensado em sua própria linguagem, pois, a própria cultura escrita lhes era estranha, pois, grande parte da população era analfabeta, por isso o uso de símbolos e da tradição oral foi muito importante, pude perceber isso quando li O grande massacre dos Gatos de Robert Danton, me mostrou um contexto da literatura e tradições orais que se passaram de pai para filho através dos contos e fabulas. Hoje com todos esses meios de se ensinar uma historia prazerosa onde se pode cativar seu publico com algo que lhes faça repensar sua própria historia é um desafio para o professor. O uso do cinema e da informática são exemplos que devemos nos atualizar e usá-los para nosso saber docente se ampliar e nossa argumentação ter melhor respaldo teórico. Como mencionado acima o valor didático do cinema se amplia como bem apropriado pelo professor em sua argumentação, como também o uso da arte medieval ou gótica, que tinha sua função de informar ao seu publico analfabeto cenas da historia do cristianismo, e essa foi uma função didática importantíssima, pois as pessoas através dos símbolos se apropriavam da própria historia sem muita dificuldade, segundo o autor trabalhar com esse código de comunicação visual é de suma importância para entendermos o cotidiano medieval.
Pág.121-123- O autor nos mostra aqui o contraste entre o mundo medieval e contemporâneo de maneira simples e objetiva, pois segundo ele o medieval valorizava seu passado como algo a ser imitado, preservado, enquanto nós contemporâneos valorizamos as inovações e vamos o velho como algo que já não serve mais ultrapassado, isso era uma qualidade dos medievais, eles buscam conexões entre o velho e o novo. Entre os letrados herdamos dos medievais o gosto por ouvir boas história, boas narrativas e canções, tempo onde a oralidade dominava os meios de comunicação e saber, causa em nós esse interesse e fascínio pelo medieval, esse mundo embora muitas vezes mal compreendido nos deixa de olhos bem abertos aos seus mistérios e encanta a todos os contemporâneos.

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