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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Resumo livro Identidades do Brasil de Varnhagen á FHC Parte I


Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878)
O titulo de Heródoto Brasileiro e fundador da história oficial do Brasil, lhes é propicio segundo José Carlos Reis, a história produzida por Varnhagen foi pioneira pelo fato de ter tido grande apoio do governo monárquico brasileiro, como também por acesso fácil as fontes oficiais e pelo seu talento indiscutível de autodidata. Fortemente ligado e influenciado pelo convívio com a dinastia de Bragança, ele produziu uma história do ponto de vista do conquistador, exaltando seus feitos e heróis nacionais, a colonização portuguesa que para ele teria sido um grande feito que abriria possibilidades de um futuro promissor. A história geral do Brasil superou as demais obras de seus contemporâneos, Reis nos diz que essa história geral do Brasil refletia uma preocupação nova no Brasil, com sua própria história, com a documentação sobre o passado, proporcionada pela fundação do IHGB. Reis também relata que a constituição dessa obra só foi possível por que as condições históricas lhes eram propicio e o processo de independência e a politica juntamente com a constituição do Estado nacional Brasileiro havia avançado na década de 1850. A obra de Varnhagen ganhou notoriedade e ele granjeou o titulo de visconde de Porto Seguro, morando na Europa sua história sofreu influência de Ranke na sua linha de pensamento, pois ele era bem criterioso na exegese documental. Varnhagen queria assessorar o jovem imperador na construção da identidade do seu império, e o imperador precisava dos historiadores para legitimar-se no poder, a nação precisava de uma historia oficial, de um passado pelo qual se pudesse orgulhar-se, e esse passado é extremamente luso-brasileira, sua conquista e colonização aparecem na obra de Varnhagen de forma apaixonante, que mostrou o português como o grande inventou do Brasil, desbravador, herói que venceu as adversidades físicas dos trópicos e modificou todo o território brasileiro, lançando as bases da nação. Varnhagen sofreu duras críticas das gerações seguintes, desde Capistrano de Abreu foi seu maior crítico, acusou Varnhagen de produzir uma história repetitiva não reconhecendo os movimentos populares. A visão do português como agente civilizador, que trouxe a cultura, idioma e a religião, lançando as luzes para um mundo primitivo dominado por selvagens, e a recém-formada nação não sobreviveria sem esse legado histórico-cultural e político oriundo da Europa.

Gilberto Freyre (1930)
Esses Adjetivos definido por José Carlos Reis tenta definir a importância de Gilberto Freyre e sua obra para se definir o Brasil posterior a Varnhagen e Capistrano de Abreu, grande casa e senzala (1933) e sobrados e mocambos (1936), grande casa e senzala é a interpretação mais conhecida do Brasil no exterior. Reis vai nos mostrar que a obra que Gilberto Freyre produziu foi uma espécie de auto antropologia da cultura na qual nasceu, a nordestina, o relato de Freyre aparece vivo em sua complexidade e contraditoriedade. Ele quis mostrar que houve uma junção entre as varias culturas que formaram o Brasil, Reis vai dizer que ele uma revivência desse passado colonial brasileiro e uma recriação do nosso passado, em seus espirito e no leitor de sua obra. Freyre foi fortemente influenciado por Franz Boas, antropólogo Americano ao qual importou o conceito de cultura e o historicismo, sua abordagem histórica é não evolucionista, não progressiva e anti-iluminista neokantistas. Grande casa e senzala é uma obra que tem os princípios varnhagianos, pois, tenta reelogiar e justificar a colonização portuguesa do Brasil, mostrando o Brasil como uma sociedade original e multirracial nos trópicos, criação do português, para sua época onde as elites entram em crise ele traz um Brasil orgulhoso de sua colonização portuguesa, sua legitimação varnhagiana da conquista e colonização colonial. Reis vai nos dizer que Freyre até supera Varnhagen em sua justificativa para a escravidão negra dizendo que os meios e as circunstancias exigiam os escravos, diferentemente de Freyre que defendia a colonização do tipo latifundiária e escravista, para Varnhagen poderia ser diferente a escravidão poderia ser substituída pela servidão, para Varnhagen a presença da escravidão negra manchou a bem sucedida colonização portuguesa e é um ponto de divergência entre Freyre e Varnhagen A historiografia produzida por Freyre não traz mais como sujeitos os heróis nacionais de Capistrano de Abreu, mas a historia dos não heróis, dos anônimos, em Capistrano encontra o conceito de raça substituído por cultura e alguns temas antecipados que irão encorpar a obra de Freyre, como a escravidão domestica e o caráter doce e alegre do negro. Seguindo a interpretação Varnhagiana Freyre traça um Brasil continuísta de seu passado colonial, conservador, patriarcal, orgulha de sua formação Lusa, escravista e colonialista, que Capistrano irá romper com essa linha elogiadora oriunda de Varnhagen, do elogio à colonização portuguesa. E no conjunto de sua obra Freyre é enquadrada entre “um descobridor do Brasil”. A obra de Gilberto Freyre teve duras críticas da recente corrente marxista encabeçada por Florestan Fernandes, que começará a interpretar o Brasil como uma sociedade de classe, visão essa que contrapõe todo o pensamento freyriano, quebra essa visão do mundo que o português criou cheio de harmonia.  
Capistrano de Abreu
Com Capistrano surge um povo brasileiro, em historia geral do Brasil, critico assíduo de Varnhagen e leitor atento, ele começa a sua inovadora interpretação do Brasil, não somente em termos de sua origem social, mas além em termos de uma nova aurora intelectual do Brasil nos anos 1870, distinguindo a realidade brasileira e o pensamento que eles próprios produziam. Capistrano defendia o povo e sua formação étnica, diferente de Varnhagen que defendia o Estado imperial. Capistrano pensava que a sociedade poderia ser estudada com a mesma objetividade que se estuda a natureza. Nessa aurora intelectual do século XIX o pensamento histórico brasileiro se dividiu na escola de Recife mais historicista e a do Rio de Janeiro mais positivista. Capistrano era bem rigoroso em sua analise documental, influência alemã ele defendia os acontecimentos como realmente tinham ocorrido. Tomara de Varnhagen essa posição em principio Rankiana, ele era muito atento às teorias da história, não saiu do Brasil, mas era um estudioso inteirado com as ciências sociais europeias. Muito influenciado pela corrente cientificista, ao qual escrevia artigos e fazia palestras. Em plena revolução dos annales, passou do método positivista para o realismo histórico alemão em contra posição dos annales francês. Alguns consideram que Capistrano fez uma reviravolta na historiografia brasileira, com seus conhecimentos e posição teórica. Ele redescobrirá o Brasil valorizando seu povo, seus labores e lutas, costumes, clima tropical e a natureza no geral, recuperando seu passado, procurando suas identidades em contraposição das elites luso-brasileiras. Sua principal obra foi Capítulos da historia colonial, que irá englobar todos os aspectos da historia brasileira como historicista, não uma historia politica-administrativa ou biográfica, mas o povo e sua vida em sua complexidade étnica e social. Ele valoriza a presença dos índios, suas miscigenações mostram o quanto nosso pais foi alterado pela colonização, adentrando sertão mostra como ocorreram as transformações da personalidade brasileira, que segundo ele nasce esse homem novo inexistente no mundo, ele mostra um Brasil novo, que os seus antecessores não optaram por mostrar. Segundo Reis capítulos da historia colonial foi uma redescoberta do Brasil e ao mesmo tempo foi um elogio ao espírito guerreiro brasileiro em suas rebeliões por independência e liberdade.

Sergio Buarque de Holanda
Buarque assim como Capistrano de Abreu sofreu com uma educação rígida, contudo se superou achando nos livros seu melhor caminho de ascensão social. Sua principal obra foi raízes do Brasil, bastante influenciada pelo historicismo alemão, em raízes do Brasil ele mescla os contatos que tivera com a sociologia e a escola Rankiana na Alemanha, onde se nota a influência weberiana e Rankiana. Buarque escreva num época de mudanças sociais, estruturais e politicas no Brasil dos anos 30, o Estado começa a investir na educação superior desvinculando-a da religião, o campo de atuação da história se alarga com sua união com as ciências sociais. Essas mudanças fizeram com que a historiografia de Buarque ganhasse corpo e consistência, um Brasil que precisava ser conhecido pelas suas peculiaridades. Com a luta pela cidadania no século XIX, passou a defender a inclusão de negros, mulheres e pobres na sociedade, dizendo ele que o Brasil não teria futuro se excluindo sua própria população, esse Brasil precisava mudar e não mais ficar nas mãos dos conquistadores, nessa visão Buarque diz que o Brasil precisava ser redescoberto e reconstruindo sua própria população e deverá ser bem diferente de seu passado colonial, nesse sentido ele segue segundo o autor a linha de Capistrano de Abreu e será um dos pensadores da revolução brasileira. Em raízes do Brasil, Buarque nos mostra forte influência do pensamento alemão moderno de Dilthey e Weber, onde mostra a especificidade temporal de cada realidade histórica aplicando ao Brasil, que irá também incluir a sociologia compreensiva weberiana, uma historia que recorre a sinais e recria situações, não necessitando de leis ou politica, estudando os homens e suas ações sem se submeter a leis, já o seu historicismo só aparece nas suas temáticas, Reis vai também citar que a interpretação do Brasil de Buarque também é psicológica, pois ele queria conhecer a vida humana do brasileiro e do ibérico para assim revivê-la e recriá-la em seu contexto. Não se prendia a tradições embora o historicista gostasse delas, diferente de Gilberto Freyre seu olhar para o passado brasileiro é sem lamento das glorias oligárquicas passadas, prefere que o Brasil se refaça com seus novos sujeitos sociais e mentalidades, tinha desejo que o Brasil fosse sem senhores e sem escravos, habitados por cidadãos, onde todos soubessem seus lugares e convivessem pacificamente. Esse mundo que o português criou não mais a essa altura interessa mais, e o Brasil precisa criar seu próprio mundo e fará isso rompendo com seu passado colonial português. E segundo ele o Brasil é mais português do que gostaríamos que fosse e ele nos chama de neoportugueses e devamos nos tornar Brasileiros.
ELSON CASSIANO SOBRINHO

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