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sábado, 30 de abril de 2011

A república de Platão- Resenha



O livro VII da república platônica, um dos mais conhecidos expõe a famosa teoria das idéias, que ilustra a natureza do conhecimento pleno e verdadeiro, que Sócrates julgava ser necessário para a formação da cidade perfeita, pois para viabilizar a criação dessa cidade perfeita era preciso formar um governante perfeito que seria o filosofo. Este filósofo teria todas as qualidades e a capacidade de fazer um governo justo e digno. Partindo desse pressuposto socrático, Platão expõe a natureza do inelegível brilhantemente no seu mito da caverna, que vai descrever a ascensão da alma ao mundo das idéias e principalmente, a idéia de bem que para ele é o principio perfeito de todas as outras idéias.
Logo de início Sócrates faz uma comparação e nos mostra o trajeto que o homem da ignorância faz para sair desse estado e o levar para o caminho do conhecimento verdadeiro, todos sempre viveram na caverna, em total escuridão, presos e acorrentados pela ignorância, podendo ver apenas sombras das coisas reais refletidas na parede ao qual estavam voltados. Essa realidade brusca que eles eram acostumados a viver, sem ter a consciência de que haja algo além da realidade em que viviam, é chocante, pois tomam por reais sombras que não passam de ilusões do mundo exterior. Olhando por essa ótica, se se liberta um dos prisioneiros da caverna (Sócrates) e o lançasse para fora, ele se deparava com a luz (conhecimento) ele se cegaria por completo, e se ainda quiséssemos fazê-lo acreditar que a verdadeira realidade era o que ele agora via, certamente causaria um choque e ele acharia melhor voltar pra caverna, mas se aos pouco mostrasse a ele e as pessoas que com ele conviviam, as sombras e os reflexos, e depois as estrelas e a noite fazendo-as contemplar o céu e finalmente os levasse para a luz do sol, ai elas começaria a entender o quanto fora enganoso e falha sua visão até agora, ela preferiria viver na condição de escrava ou voltar para a escuridão da caverna.
Esse é o trajeto que se dar rumo ao conhecimento do inelegível segundo Platão, a alma não pode ser levada a contemplar a idéia de bem, nem qualquer outra idéia de modo repentino que não seja por iniciativa própria, pois a ascensão a um patamar cada vez mais alto de conhecimento só pode ser realizada por uma alma que além de aptidão natural para o aprendizado, tenha empenho na busca desse conhecimento. A ausência de luz da caverna seria a total ignorância, na medida em que a escuridão coloca limites no campo de visão da realidade, assim como os equívocos e as variantes da opinião limitam o conhecimento pleno das idéias.

                   Com essa metáfora - o tão justamente famoso Mito da Caverna - Platão quis mostrar muitas coisas. Uma delas é que é sempre doloroso chegar-se ao conhecimento, tendo-se que percorrer caminhos bem definidos para alcançá-lo, pois romper com a inércia da ignorância requer sacrifícios. A primeira etapa a ser atingida é a da opinião, quando o indivíduo que se ergueu das profundezas da caverna tem o seu primeiro contanto com as novas e imprecisas imagens exteriores. Nesse primeiro instante, ele não as consegue captar na totalidade, vendo apenas algo impressionista flutuar a sua frente. No momento seguinte, porém, persistindo em seu olhar inquisidor, ele finalmente poderá ver o objeto na sua integralidade, com os seus perfis bem definidos. Ai então ele atingirá o conhecimento. Essa busca não se limita a descobrir a verdade dos objetos, mas algo bem mais superior: chegar à contemplação das idéias morais que regem a sociedade - o bem o belo e a justiça. No exercício da vida Há, pois dois mundos. O visível é aquele em que a maioria da humanidade está presa, condicionada pelo lusco-fusco da caverna, crendo, iludida que as sombras são a realidade. O outro mundo, o inteligível, é apanágio de alguns poucos. Os que conseguem superar a ignorância em que nasceram e, rompendo com os ferros que os prendiam ao subterrâneo, ergueram-se para a esfera da luz em busca das essências maiores do bem e do belo. O visível é o império dos sentidos, captado pelo olhar e dominado pela subjetividade; o inteligível é o reino da inteligência percebido pela razão. O primeiro é o território do homem comum preso às coisas do cotidiano, o outro, é a seara do homem sábio (filósofo) que se volta para a objetividade, descortinando um universo diante de si,
obriga apenas cópias dessas idéias, contendo as imperfeições e as variantes, de modo que nele reina a opinião, não sendo possível chegar a nenhum conhecimento verdadeiro, é mutável e escurece a visão da inteligência, atrapalhando o conhecimento das idéias. Por isso se devem educar os futuros governantes tanto no corpo quanto na alma, para então formar esse governante perfeito, que assim faria a cidade perfeita se erguer. Já o segundo possui o conhecimento das idéias e contem a plenitude das essências, sendo imutável.
Existem outros discursos a ser abordado no livro, um exemplo é o dialogo sobre a organização da cidade perfeita que se segue após a exposição da alegoria da caverna. Mas destaquei a maravilhosa teoria das idéias platônica por ser a essência do livro VII.
ELSON CASSIANO 
                                  Bibliografia

PLATÃO. A República, Livro VII, Pensadores, Ed. Victor Civita, 1984
PLATÃO. A República, Livro VII, Tradução Ana Lia de Almeida Prado: Martins Fontes, 2006

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