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terça-feira, 17 de maio de 2011

Fontes Históricas


BACELLAR, Carlos. Uso e mau uso dos arquivos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org). Fontes Históricas. São Paulo: Contexto, 2006. p. 23-76.

Os historiadores em sua grande maioria utilizam como principais fontes históricas, os diversos documentos situados em arquivos, sejam eles públicos ouprivados. O texto de Carlos Bacellar - Uso e mau uso dos arquivos trata principalmente do comportamento que os historiadores devem ter ao buscarem os arquivos e também de como manuseá-los. Bacellar traz problemas referentes tanto às graduações nas universidades, que muitas vezes não introduzem o graduando às noções de arquivo, quanto ao estado dos arquivosbrasileiros.

O texto primeiro introduz o leitor às possibilidades que um jovem pesquisador, seja da área de História ou não, têm no Brasil. Carlos Bacellar inclusive dá uma pista de quais tipos de arquivos deve-se recorrer de acordo à pesquisa que deseja ser feita e faz também um panorama da história dos arquivos brasileiros.

Uso e mau uso dos arquivos é um texto informativo que tem por finalidade demonstrar como se dá o uso dos arquivos, principalmente no espaço brasileiro. O texto primeiro expõe a relação entre os historiadores e a as fontes de arquivo e depois como posicionar-se diante dos arquivos e o olhar do historiador diante de documentos, manuscritos, atas, etc. Bacellar trata o tema com bastante minúcia, mas de forma dinâmica e de fácil entendimento aos desconhecedores dos termos técnicos referentes à Arquivística. Por fim o texto tem um resultado não só de informação, mas também de formação a pesquisadores iniciantes, que se encantam com mexer em documentos antigos.

Uma das definições de arquivo no Aurélio é:
(do grego archêion, pelo latim archiu ou archivu) conjunto de documentos manuscritos, gráficos, fotográficos, etc., recebidos ou protegidos oficialmente por uma entidade ou por seus funcionários, e destinados a permanecer sob a custódia dessa entidade ou de seus funcionários. (Novo Aurélio século XXI :o dicionário da língua portuguesa, 1999)

Analisando esta definição do Aurélio, percebe-se que ao se falar de arquivo, tem-se significados variados, e esta não encerra o campo semântico desta palavra tão comum ao universo de pesquisadores, sobretudo de historiadores. Porém é de conhecimento que arquivo pode designar desde o próprio documento, manuscrito, etc. e até mesmo o móvel em que se guardam tais documentos. Carlos Bacellar não foge a definição da Língua Portuguesa ao tratar de arquivo no seu texto, propõe de forma eficiente que se analise tanto o valor dos arquivos enquanto fontes em si até o valor dos arquivos onde se guardam tais documentos.

Bacellar traz uma questão bastante peculiar em relação aos arquivos do Brasil, ele salienta que há um descaso das instituições públicas nas três esferas do poder, principalmente o judiciário, onde os cartórios descartam parte de seus processos, inventários, etc. por não terem onde colocar, julgando desnecessários tais documentos e apenas um amontoado de papel velho. O pior problema é que não é analisado o valor histórico de tais documentos, este descarte muitas vezes é feito de maneira indiscriminada, sem nenhuma preocupação em chamar profissionais na área de arquivo para análises.

Outro problema bastante salutar é a questão do acesso, importantes arquivos não podem ser analisados por impedimentos burocráticos, Carlos Bacellar inclusive aponta que os arquivos da Igreja Católica geralmente são guardados, quando isso ocorre, sem nenhuma organização e cuidado. Ele ainda expõe ação dos mórmons em microfilmar diversos arquivos há um tempo atrás e que uma de suas ações mais conhecidas foi copiar os arquivos da Igreja Católica, constituindo hoje em uma desconfiança de muitos párocos e em diversas cúrias de que os pesquisadores sejam mórmons “disfarçados”.

Um assunto que seria importante tratar com mais intensidade, seria o da importância da inter-disciplinariedade nas pesquisas em arquivos, pois ao tratar com manuscritos ou documentos de séculos passados, é necessário um amplo conhecimento de noções de: Direito, no caso de validade de testamentos, inventários por exemplo; conhecimento paleográfico, pois existem conjuntos de abreviaturas próprias de cada época e da gramática como um todo; uma noção de Arquivística é necessária para a compreensão de como, porque e de que forma os arquivos foram gerados e a maneira como foram guardados; e o próprio conhecimento historiográfico, que analisará o valor histórico dos documentos assim como sua importância no decorrer da História, além de outros campos do saber sempre que forem necessários nas pesquisas.

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