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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

19 de agosto é o Dia do Historiador: devemos comemorar?


“Esculpir o Tempo” é o nome do livro do cineasta russo Andrei Tarkovski – mas também é uma insígnia que se aplica com perfeição à profissão de historiador, cuja comemoração ocorre hoje, no dia 19 de agosto. O trabalho de leitura, pesquisa, organização e depuração do período estudado formam um conjunto que faz do profissional que trabalha com esse segmento um moldador do conhecimento humano.

A data foi escolhida em uma efeméride que rememora o nascimento de 
Joaquim Nabuco, intelectual abolicionista que contribuiu para a ampliação do estudo historiográfico no Brasil.

A realidade do historiador hoje no Brasil, contudo, é diversa. O profissional ainda espera pela regulamentação da área, que tramita na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (fruto de uma antiga reivindicação da Associação Nacional de História), e também se depara com a remuneração flutuante – não existem estimativas oficiais; a cifra depende, basicamente, do padrão estabelecido pelo Estado e da área de atuação. A média salarial um professor, segundo consultorias de emprego, é de R$ 1.200 (valor muito aquém do merecido).


“Eu diria que desvalorizar a história é abrir mão de algo que nos conectaria com algo além do imediato”, diz o mestrando em história social pela PUC-SP, Henry Nakashima. “Ao contrário do que se pensa, o estudo do passado não é apenas decorar datas e eventos que por alguma razão - que comumente não se aprende - entraram para a história. Estudar o passado é uma forma de você se encontrar conectado com um processo, com um contexto, com um sentido”, diz ele.


“Lamentavelmente, nosso modo hedonista de viver baseado em consumo e imediatismos acaba entrando em conflito com o estudo do passado, pois se vive somente pelo agora”, reflete ele, que está se dedicando integralmente à dissertação de análise do islamismo em São Paulo entre as décadas de 1950 a 1980.


O mestrando da PUC observa ainda que, mesmo existindo muitos entraves em relação ao estudo de história no Brasil, trata-se de um período especialmente prolífico para essa área de conhecimento.


“A história no Brasil vive um período muito interessante. É possível encontrar diversas revistas com o tema, o que demonstra claro interesse das pessoas em saber mais sobre o passado; os cursos de história têm muitos interessados; a cada novo semestre, mais turmas são criadas; existem diversos programas que abordam exclusivamente temáticas históricas”, elenca.


DIÁLOGO COM O PÚBLICO


Para a professora Sara Albieri, chefe do departamento de história da USP, a seara do mercado profissional não se concentra apenas em efemérides – está, também, no cotidiano da sociedade.


“Como em toda a profissão, não é o que todo o mundo sonha, sempre há decepção, porque a inserção social é muito menor do que poderia ser”, diz ela. “Mas o historiador não é tão incompreendido e mal aproveitado como em algumas profissões. Além da academia, ele tem inserção em arquivos municipais e museus”, enumera.


Além disso, Albieri aponta que empresas e organizações estão prezando pela conservação da memória e do acervo -- atividade na qual o papel do historiador é fundamental.


“O historiador também é convocado para falar em jornais, seja sobre temas internacionais, seja sobre futebol. Ele, hoje, não fala pensa apenas sobre efemérides, mas trabalha sobre uma prática social – o

costume de se alimentar, ritos no vestuário, relações de qualquer prática social”.

Albieri sugere a confluência da academia com o estrato histórico que é divulgado por intermédio das mídias contemporâneas.


“Existe uma diluição da história em veículos de imprensa. Por exemplo: a história do Brasil vem romanceada, em romances e novelas. Os acadêmicos veem isso como divulgação, e ignoram esse fenômeno. Mas têm que repensar. Assim como a ciência convive com a publicação que faz, não só com os seus pares, mas também dialoga com o público que consome dela.”

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