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terça-feira, 1 de junho de 2010

Jesus na formação do mundo ocidental



Falar sobre Jesus de Nazaré nesses dois mil anos de sua existência tem enchido as estantes das diversas livrarias e bibliotecas do mundo, nunca um personagem em toda historia foi tão pesquisado e ao mesmo tempo discutido em todos os ramos do saber humano. Muita coisa ainda está por aparecer nessa trama eterna sobre á historia de Jesus de Nazaré, os evangelhos oficiais o retratam como um homem/Deus acima de tudo, sua perfeição moral, ética e espiritual, os apócrificos o trazem com características humanas e místicas, as fontes oficiais de grandes historiadores romanos e judeus nos dão poucos detalhes acerca dele. Desde lançamento do livro Código Da Vince, de Dan Brown, baseado nos livros apócrifos e nas pinturas de Leonardo Da Vince, ao qual retrata um Jesus mais humano e seu lado místico não tão evidente, seus supostos relacionamentos com Maria Madalena, a ficção do nascimento de uma filha, fruto desse relacionamento, contudo o que sabemos de alguma forma foi apagado ou não revelado pelas pessoas das quais não queriam mostrar o outro lado da história. Devemos levar em conta as relações de poder existente na formação mítica do personagem Jesus, que o definiu como o é hoje na cultura ocidental. Esse enigmático personagem oriundo da Judéia um rabino sábio e dominador da retórica, amado por muitos, odiado por poucos, homem de posses como é evidente nos evangelhos, pois vinha de linhagem real, é o foco de nosso momentâneo estudo. Á historia oficial de Jesus nos revela apenas aquilo que os papas querem que saibamos, mas é muito absurdo imaginar uma pequena seita, das muitas advindas do judaísmo tenha ganhado tamanha proporção ao ponto de ser torna a instituição mais poderosa que já existiu em toda historia humana. Se não fosse formada rapidamente uma figura mítica intocável facilmente o cristianismo seria mais uma pequena seita nas estatísticas do judaísmo, sobre sua morte e ressurreição há muitos mistérios ao qual não podemos alcançar senão pela fé, é evidente que analisar esse Jesus histórico requer muita cautela, pois dependemos de fontes espúrias e escassas. Os evangelhos apócrifos nos mostram as lacunas que existem entre as entrelinhas oficiais, mas será que esses pergaminhos oriundos de uma seita judaica dentro do cristianismo primitivo (Gnósticos) têm tanta credibilidade? Mas será que os evangelhos oficiais formados na época de Constantino também merecem credibilidade? (Sobre esse assunto da credibilidade do novo testamento foi assunto do meu artigo anterior), Falta uma critica textual mais definida em relação aos apócrifos muitos deles estão fragmentados pelo tempo, mas, contudo é valido, pois nos mostra uma historia vista de baixo por pessoas comuns, seu cotidiano, sua infância, formação e estrutura familiar. É bastante estranho ler os evangelhos oficiais e nos deparar com uma lacuna enorme sobre a adolescência de Jesus, essa fase de formação e definição na vida de todo ser humano, ele só veio reaparecer aos 33 anos de idade, o que aconteceu nesse intervalo de tempo?  Jesus namorou? Casou? Viveu uma adolescência normal como os demais judeus? Isso só nos é mostrado quando lemos os apócrifos de Tiago, Tomé, Felipe e de Maria Madalena. Os relacionamentos de Jesus e seu desenrolar ainda nos é bastante controverso, talvez pelo nosso encargo cultural ao qual esteja inserido nesse contexto. Contudo é bastante interessante observar como foi construído no decorrer dos séculos um ser tão poderoso e como foi posta essa muralha quase intransponível sobre ele. Esse homem estudado e analisado por todas as áreas do saber humano nesses mil e poucos ainda é assunto sem fim programado no mundo pós-moderno.
Já pensou o que causaria o impacto de se saber que Jesus não foi nada daquilo que os evangelhos, que Jesus era somente um homem comum com atributos filosóficos e humanos, um grande líder, que viveu uma vida pacata, com mulher e filhos, que ele não veio salvar ninguém, mas mostrar como se devem viver harmoniosamente todos os seres humanos, você já pensou nessa hipótese de desmistificação? O que seria do cristianismo com essas revelações? Venceria todas as perseguições romanas? Progrediria contra os iluminados? Adentraria a modernidade e a pós-modernidade com tamanha solidez?  Desmistificando Jesus desaba toda estrutura do mundo ocidental, é como dizer que Sócrates foi um tolo e afirmar que tudo que somos nada mais é do que rabiscos ou notas de rodapé de Platão e Aristóteles. Como seria o mundo ocidental sem os ideais cristãos? Seria melhor ou pior?
Ao comparar as barbáries do paganismo, podemos claramente observar nas palavras do poeta Pope: “Deuses injustos, mutáveis, iracundos, Só na vingança e podridão fecundos”.  Sêneca afirma: “Quão Grande é a loucura dos homens! Balbuciam as mais abomináveis orações, e, se alguém se aproxima, calam-se logo; o que um homem não deveria ouvir eles não se envergonham de dizer aos deuses”. Como se pode ver o cristianismo surgiu como uma limpeza na moral humana e na religião, uma religião mais justa, voltada para o bem maior mostrando um deus único, uma redenção para esse mundo cruel. É de se notar nas palavras de Sêneca o caráter moral dos homens nessa época, depois de quase dois mil anos de cristianismo ao qual se juntou ao paganismo numa junção de cristão-pagã chamada catolicismo romano, mudou alguma coisa? Os homens não continuam os mesmo em caráter e religião? O mundo greco-romano nunca mais foi o mesmo com depois da chegada do cristianismo, quando falo em cristianismo não como um todo e sim como aquele puro, primitivo, dos apóstolos e não o que ele se tornou depois da morte de João no ano 100 D.C.
É um tanto complicado analisar o mundo ocidental sem Jesus, Platão e Aristóteles! Estamos tão entrelaçados nos conceitos greco-romanos que não dar mais para nos separarmos deles, a democracia, a filosofia, o direito, a liberdade, a busca incessante pelo saber, nossa formação cultural, são frutos desse mundo ocidental. O cristianismo chegou para agregar o que faltava no mundo romano, a religião do (amor) ao próximo, da ética, trouxe à mudança nas relações sociais, trouxe a igualdade embora limitada apenas ao contexto de humano perante Deus. É formidável poder falar sobre Jesus de uma forma ao quais as pessoas comuns não têm acesso ao que o fez salvador do mundo, as relações de poder tão frisadas por Foucault na microfísica do poder, e encontrada na escrita da historia por Certau, elas pensam que foram o ato de morrer na cruz que o fez salvador, mas não o foi, foram às pregações dos discípulos que fez de Jesus ganhasse o mundo greco-romano, principalmente de Paulo um Judeu com cidadania romana, o surgimento do mito da ressurreição e a organização da igreja por Constantino no concilio de Nicéia. 
Por: Élson Cassiano Sobrinho
Historiador-UERN

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