MENU @

mensagem

Banner 3

banner

Seguidores

sábado, 4 de agosto de 2012

As primaveras dos povos


Antes de adentramos nesses movimentos que incendiaram a Europa central e oriental em 1848, e em 1968 na Tchecoslováquia e nos países árabes no Oriente Médio e Norte da África, devemos entender o que significa o termo revolução e se esses movimentos podem ser considerados revoluções. Segundo o dicionário Houaiss revolução se caracteriza assim:
"Grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo progressivo, contínuo, seja de maneira repentina"; "movimento de revolta contra um poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas, econômicas, culturais e morais". (Dicionário HOUAISS)[1]
Com esse conceito podemos observar nas três primaveras características comuns, tais como reivindicações de melhorias de vida e liberdade dos cidadãos, contudo, elas são de abrangência variadas, a primavera dos povos em 1848 se espalhou por quase toda Europa, a primavera de Praga se limitou as instâncias locais da Tchecoslováquia, Já a primavera Árabe mais recente, abrangeu parte de dois continentes, o norte africano e oriente médio. Compreendendo as abrangências e temporalidade dos movimentos revolucionários, poderemos contextualizar e melhor captar as mudanças ocorridas no pós-revolução. As três primaveras são consideradas revoluções políticas e populares, se observa o povo nas ruas reivindicando melhores condições de trabalho, liberdade e igualdade, conceitos esses vindos da revolução francesa.
A primavera dos povos em 1848 mais característicos por mudanças estruturais e políticas como também de cunho social, contra as más condições de vida e contra o desemprego, fatores estes que fizeram o povo a protestarem nas ruas. Com o fim das era napoleônica as monarquias europeias se reúnem no congresso de Viena para barrar as transformações feitas pela revolução francesa, com os monarcas reunidos decidiu formar a chamada santa aliança, onde se aliam militarmente contra todos os inimigos que as ameacem. Nesse contexto de alianças, preservando assim o antigo regime monárquico, contudo, não conseguiram barrar as revoluções disseminadas pelos ideais da revolução francesa por toda Europa, em 1848 surgiram varias correntes política disposto a derrubar o regime monárquico e criarem os Estado democrático. “Em linhas gerais, o contexto político europeu se via tomado não só pelas propostas liberais oriundas da experiência francesa, mas também contou com a ascensão das tendências nacionalistas e socialistas.” (SOUSA, 2012)[2]
Afloravam-se os movimentos nacionalistas e socialistas, no contexto econômico entre as péssimas colheitas entre 1846-1848, elevando os preços dos alimentos, que culminou na queda de consumo de produtos industrializados, consequentemente provocou demissões em massa de operários nos centros urbanos, dando força aos levantes que marcariam a revolução dos povos. Os movimentos operários diante da crise crescem e passam a exigir melhores condições de vida e trabalho, aliados a forte oposição ao antigo regime monárquico através dos sequentes levantes, alimentado pelo sentimento aflorado de mudanças nesse contexto de transformações Karl Marx pública o manifesto comunista defendendo a mobilização dos trabalhadores. Motivados pelos manifesto comunista varias cidades na França, Alemanha, Áustria e vários centros urbanos foram tomados por barricadas de trabalhadores operários. “Apesar dos ideais românticos e das bandeiras coloridas em favor de uma sociedade mais justa, a “Primavera” não conseguiu transformar definitivamente a Europa. Contudo, demonstraram a nova articulação política que estava sendo engendrada”. (SOUZA, 2012)[3], Contudo a partir desses eventos históricos, a sociedade burguesa alcançou a seguridade de alguns de seus princípios, mesmo sendo esses movimentos de caráter popular. Segundo Sousa “Essas revoltas não abririam mão das concepções favoráveis à igualdade civil, ao fim dos privilégios de ordem feudal, as novas instituições jurídicas e o acesso aos cargos públicos.” (SOUSA, 2012)[4]
A burguesia mostrou seu poder mobilizador das massas trabalhadoras em torno de seus interesses e projetos políticos próprios.
Enquanto a primavera de Praga após a primeira guerra mundial, com as transformações da Europa, e no cerne dos conflitos a Tchecoslováquia sobre influência da União Soviética, se mobiliza numa revolta liderada por intelectuais reformistas do Partido Comunista Tcheco, interessados em promover grandes mudanças na estrutura política, econômica e social, na Tchecoslováquia. Esse período começou em 5 de Janeiro de 1968, quando o reformista eslovaco Alexander Dubcek chegou ao poder, e durou até o dia 21 de Agosto quando a União Soviética e os membros do Pacto de Varsóvia invadiram o país para interromper as reformas.
“As reformas da Primavera de Praga foram uma tentativa de Dubcek, aliado a intelectuais tchecoslovacos, de conceder direitos adicionais aos cidadãos num ato de descentralização parcial da economia e de democratização. As reformas concediam também um relaxamento das restrições às liberdades de imprensa, de expressão e de movimento e ficaram conhecidas como a tentativa de se criar um “socialismo com face humana”.” (Wikipédia, 2012)[5]
Dubcek queria reformar o país e tirar as influências de Stalin removendo os vestígios de despotismo e autoritarismo, que considerava aberrações no sistema socialista. Revisando a constituição do país, que propunha garantir os direitos dos cidadãos e os direitos civis. Isso granjeava o apoio popular e o desagrado dos Soviéticos, pois, acabaria com o monopólio do partido comunista e se abriria para a livre organização partidária. A liberdade de imprensa, o poder judiciário independente e a liberdade religiosa eram propostas pela reforma de Dubcek.
“As propostas foram apoiadas pela população. O movimento que propôs a mudança radical da Tchecoslováquia, dentro da área de influência da União Soviética, foi chamada de Primavera de Praga. Assim sendo, diversos setores sociais se manifestaram em favor da rápida democratização.” (Wikipédia, 2012)[6]
Temendo a revolução a União Soviética, mandou tanques do pacto de Varsóvia, invadindo Praga e deportando o líder Dubcek para Moscou, contudo a população reagiu a invasão soviética de forma violenta.

“A União Soviética, temendo a influência que uma Tchecoslováquia democrática e socialista, independente da influência soviética e com garantias de liberdades à sociedade, pudesse passar às nações socialistas e às "democracias populares", mandou tanques do Pacto de Varsóvia invadirem a capital Praga em 21 de Agosto de 1968. Dubcek foi detido por soldados soviéticos e levado a Moscou. Na cidade de Praga a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta, desnorteando as tropas.” (Wikipédia, 2012)[7]
Com todos os esforços de resistência não foram suficientes em poucas horas o pacto de Varsóvia tomou Praga e dissolveu os revoltosos, porém chegaram a um impasse político: as diversas tentativas para criar um governo colaboracionista fracassaram e a população tcheca foi eficiente em minar a moral das tropas. As reformas foram canceladas, e o antigo regime de partido único continuou a vigorar.
A primavera Árabe a mais recente e se compara em extensão e reivindicações a primavera dos povos, mas, contudo, as reivindicações foram variadas de acordo com o contexto político de cada país envolvido.
“Os protestos, de índole social e, no caso de Túnis, apoiada pelo exército, foram causados por fatores demográficos estruturais, condições de vida duras promovidas pelo desemprego, ao que se aderem os regimes corruptos e autoritários revelados pelo vazamento de telegramas diplomáticos dos Estados Unidos divulgados pelo Wikileaks. Estes regimes, nascidos dos nacionalismos árabes dentre as décadas de 1950 e 1970, foram se convertendo em governos repressores que impediam a oposição política credível que deu lugar a um vazio preenchido por movimentos islamistas de diversas índoles.” (Wikipédia, 2012)[8]
As más condições de vida nos países árabes, desemprego e autoritarismo, injustiças políticas e sociais e falta de liberdade. Foram também motivações para os levantes em vários países no norte da África e no Oriente Médio. Em 2008 a chamada crise do subprime afeta os países do norte africanos, fazendo crescer os níveis de pobreza e a carestia nos produtos básicos, e consequentemente provocando fomes e desempregos. E essas causas são partilhadas por toda região norte africana. Vários protestos foram desencadeados derrubando os ditadores e implantando as eleições democráticas nesses países.
“Resultaram na derrubada de três chefes de Estado: o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14 de janeiro, na sequência dos protestos da Revolução de Jasmim; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11 de Fevereiro de 2011, após 18 dias de protestos em massa, terminando seu mandato de 30 anos; e na Líbia, o presidente Muammar al-Gaddafi, morto em tiroteio após ser capturado no dia 20 de outubro e torturado por rebeldes, arrastado por uma carreta em público, morrendo com um tiro na cabeça.” (Wikipédia, 2012)[9]
Após esses incidentes vários lideres árabe anunciaram intenções de renunciar seus cargos políticos, outros anunciaram que não iriam tentar eleição. A primavera Árabe continua a mostrar seus efeitos na atualidade, como é o caso do Egito com a queda da ditadura e eleição do presidente em 2012.


[1] Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Editora Objetiva.
[2] SOUSA. Rainer, artigo Primavera dos Povos, Equipe Brasil Escola portal R7. Disponível em http://www.brasilescola.com/historiag/primavera-dos-povos.htm  data de acesso: 26/07/2012
[3] Ibid.
[4] Ibid.
[5] http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_de_Praga
[6] Ibid.
[7] http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_de_Praga
[8] http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_%C3%81rabe
[9] http://pt.wikipedia.org/wiki/Primavera_%C3%81rabe

Um comentário:

Ronald Lopes disse...

Olá, achei muito interessante esse artigo...mas creio também lançar outros olhares, como por exemplo a questão: Seria uma primavera árabe ou um inverno islâmico???? Há mais intensidade nesses jogos de poder do que o verniz democrático-libertário...