Quando nos lançamos a
problematizar a palavra politica, logo ligamos a palavra às eleições e aos
políticos, e isso causa nas pessoas certa rejeição aqui no Brasil, entretanto a
forma como interpretamos essa politica, se olharmos no âmbito da etimologia e da
filosofia irá nos mostrar o equivoco interpretativo que cometemos.
O homem é um ser
politico, e vive para a politica, mas não essa politica dos políticos, a
etimologia da palavra politica (politikós) se deriva do grego Pólis (cidade), e
tem a ideia de tudo aquilo que se refere à cidade e suas relações sociais.
Graças a Aristóteles esse conceito se expandiu com seu tratado sobre politica
ao qual discutia sobre a natureza, funções e divisão do Estado e sobre as
varias formas de governo. O termo politica foi durante séculos designado e
dedicados estudarem da esfera das atividades humanas que estavam ligadas de
algum modo ao Estado.
Na modernidade a
palavra perdeu seu significado de origem, sendo substituídos gradualmente por
outros termos ou expressões, como ciências politicas, doutrina do Estado,
dentre outros. Todavia passou a se conceituar como atividade ou conjunto de
atividades que tem como referencia a pólis.
Esse conceito de
politica compreendido como forma de atividade ou prática humana está ligada diretamente
ao conceito de poder, e este se refere como meios adequados de se obter alguma
vantagem, Hobbes irá defender essa ideia, ao designar como conjunto dos meios
que permitem alcançar os efeitos desejados irá dizer Russel. Nesse contexto
pode se conceitua como uma relação entre dois sujeitos, dos quais um se impõe
sobre o outro sua vontade. Existem varias formas de poder do homem sobre o
homem, o poder politico é apenas uma delas.
Nessa relação politica
e poder entra o Estado, sua conceituação, função e origem, e temos vários
enfoques teóricos que se propõe a responder nossas indagações, vejamos as
chamadas teorias com enfoque liberal, são aquelas que se baseiam numa
interpretação burguesa entre as épocas da historia do capitalismo, ao qual
entendem o Estado como neutro e acima dos interesses das classes sociais, tendo
como objetivo a realização do bem comum e aperfeiçoamento do organismo social
em conjunto. Tem também as teorias com enfoque marxista da qual tem como base
as ideias de Marx sobre a sociedade que em seu conceito está dividida em
classes antagônicas, com interesses divergentes, as chamadas lutas de classes.
Assim um Estado neutro seria impensável. O que nos chama atenção é que para
Marx o Estado é uma instituição politica que representa os interesses de uma
classe social dominante que prevalece sobre a sociedade.
Na nossa busca por
compreensão da formação e desenvolvimento do pensamento politico burguês e da
ideia de Estado moderno, os contratualistas nos dará um rumo. Os
contratualistas foram um grupo de filósofos que entre os séculos XVI e XVIII
afirmaram que a origem do Estado ou da sociedade está num contrato, ou seja, em
estado de natureza os homens viviam sem poder e organização, que somente
surgiria com o pacto firmado por eles, estabelecendo as regras de convívio
social e de subordinação politica.
Para Hobbes o Estado
soberano era a realização total de uma sociedade civilizada e racional. Em
estado de natureza sem o jugo do Estado, o homem vivia em liberdade e igualdade
conforme seus próprios instintos. Só o Estado tem o poder de garantir a
segurança além das individualidades, pois o egoísmo, a crueldade, ambição
sentimentos naturais dos indivíduos iria gerar uma luta sem tréguas que os
levaria a destruição. Para que isso não acontecesse os homens selaria o
contrato social que Hobbes chama de Pacto para evitar essa destruição,
atribuindo ao Estado o poder absoluto.
Já para Locke um dos
principais representantes da teoria dos direitos naturais, tem sua teoria
semelhante à de Hobbes, ambos defendiam que o homem vivia num estágio
pré-social, pré-político, caracterizado pela mais perfeita liberdade e
igualdade ao qual chamou de estado de natureza. Locke segue a mesma sequencia
de Hobbes, partem do estado de natureza que pela mediação do contrato social
realiza a passagem para o Estado civil. Assim evitam a subjugação por outrem
através do contrato social, que delega poderes ao Estado que deveria assegurar
seus direitos naturais e sua propriedade. O que diferencia Locke de Hobbes é
sua conceituação do contrato com Estado, que para Hobbes o contrato resulta num
Estado absoluto enquanto para Locke o Estado poderia sofrer transformações
reversíveis.
Rousseau pensador da
concepção democrático-burguesa também compreendia que a sociedade surgiria por
intermédio de um contrato social. Diferente de Locke, para Rousseau os homens
em estado de natureza são bons, o que os tornam ruins é a socialização. O
contrato social para Rousseau é um acordo entre indivíduos para criar uma
sociedade, e só então o Estado, o contrato de Rousseau é um pacto de associação
e não de submissão como defende Locke. Para ele não existe liberdade onde não
existe igualdade, ambos percebiam que o surgimento da propriedade privada deu
origem a todos os males da humanidade.
Por Elson Cassiano
Historiador/UERN
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